segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Afonso VI, Rei de Leão e Castela


Afonso VI de Leão e Castela (1039 — 1 de Julho de 1109), cognominado O Bravo, filho legítimo de Fernando I segundo rei de Castela e também rei de Leão com Sancha I de Leão, foi até à sua morte, rei de Leão desde 27 de Dezembro de 1065, rei de Castela desde 6 de Outubro de 1072, rei da Galiza desde 1073, intitulando-se assim Imperator totius Hispaniæ (imperador de toda Hispânia) desde 1077 e rei de Toledo desde 1085.
Quando Fernando Magno, seu pai, morreu, repartiu os seus reinos pelos seus três filhos e duas filhas, havidos de Sancha I de Leão:

-Sancho, o primogénito herdou o mais poderoso reino de Castela;
-Afonso, segundo filho, herdou o reino de Leão;
-Garcia, o mais jovem, herdou o reino da Galiza (incluindo parte do actual Reino de Portugal, sendo a primeira pessoa a declarar-se Rei de Portugal);
-Urraca recebeu Zamora;
-Elvira herdou Toro.

Luta com os irmãos

Quando em posse dos respectivos reinos, cada um dos seus irmãos assinou acordos com os reinos de Taifas, colocando-os na sua esfera de influência.
Desde cedo Afonso começou a apresentar desejos expansionistas. Em 1068, um ano depois da morte da mãe deu o primeiro passo na violação dos acordos estabelecidos invadindo a Taifa de Badajoz, cliente do reino da Galiza, extorquindo tributos financeiros. Em resposta a este acto Sancho, o mais velho atacou e derrotou Afonso na batalha de Llantada. Apesar disto os dois irmãos juntaram-se, três anos mais tarde, em 1071 para atacar o mais novo, Garcia devido a um acordo celebrado entre eles (Afonso e Sancho) para repartir o seu reino.
Enquanto Sancho conquistava a parte Norte da Galiza, Afonso conquistava o Sul. Com isto, Garcia fugiu para a Taifa de Sevilha e os dois irmãos (como muito aconteceu na Idade Média) quebraram o acordo e voltaram-se um contra o outro.
Este conflito culminou na inevitável e intencional Batalha de Golpejera em inícios de Janeiro de 1072, com a vitória de Sancho, fazendo com que Afonso se retirasse para a Taifa de Toledo. Sancho com o objectivo de conquistar toda a Península cristã foi conquistando os terrenos dos seus irmãos, ausentes, e irmãs.
Enquanto conquistava a feliz cidade de Zamora para Portugal a sua irmã, Urraca, Sancho II de Castela foi assassinado (pensa-se que a mando de Afonso), permitindo que Afonso voltasse para recuperar Leão e anexasse Castela. Garcia persuadido pelo seu único irmão vivo voltou à Galiza, sendo capturado por este, para ser encerrado num mosteiro.
Assim Afonso tinha a Península Ibérica cristã a seus pés, pronta a ser conquistada.
Em 1076, depois da morte do monarca Sancho Garcés IV de Navarra, anexou Álava, Biscaia, Guipúzcoa e La Bureba. E a partir de 1077 intitulou-se Imperator totius Hispaniæ (Imperador de toda a Hispânia), recuperado da tradição visigótica, comparando-se ao próprio Carlos Magno.

Luta contra os muçulmanos

Mas os esforços de expansão territorial do rei estavam agora centrados na reconquista de terras aos mouros, combinando a pressão militar e a extorsão económica. Usando o sistema de parias (imposto de não-agressão pago pelos pequenos reinos muçulmanos aos mais poderosos reinos cristãos), conseguiu que a maior parte dos reinos de Taifas do Al-Andaluz se tornassem seus tributários.
Em 1085, aproveitando o pedido de ajuda do rei Taifa de Toledo contra um usurpador, sitiou esta cidade conquistando-a a 25 de Maio. Depois desta vitória, passou a intitular-se imperador das duas religiões. Com a ocupação do reino de Toledo incluiu nos seus domínios os territórios entre o Sistema montanhoso central da Península Ibérica e o rio Tejo. Desta forma, pôde iniciar uma grande actividade militar contra as Taifas de Córdoba, Sevilha, Badajoz e Granada.
Devido às dificuldades sentidas pelos Reinos de Taifas em suster o avanço da Reconquista, estes decidiram pedir ajuda à poderosa dinastia berbere dos Almorávidas.
O emir Yusuf ibn Tashfin atravessou o Estreito de Gibraltar e a 23 de Outubro de 1086 venceu Afonso VI na batalha de Zalaca, perto de Badajoz. Os mouros ainda cercaram Toledo, contudo não lhes foi possível tomar a cidade.
Nos últimos anos do seu reinado, Afonso tentou sem sucesso impedir a consolidação da dinastia Almorávida na Andaluzia, que ocuparia as Taifas do sul da Espanha e a Taifa de Dénia, impondo-lhe uma nova derrota na batalha de Uclés (1108), onde morreria Sancho Alfónsez, o seu único herdeiro masculino. A coroa passaria assim para as mãos da sua filha Urraca enquanto que Teresa, sua filha bastarda, herdaria o Condado Portucalense.
Depois da sua morte em 1 de Julho de 1109 na cidade de Toledo, foi enterrado no Mosteiro beneditino de Sahagún.
Afonso VI, viu nos últimos anos do seu reinado como a grande obra política realizada podia ser arruinada frente ao impulso almorávida e às debilidades internas que assolavam o reino. Tinha assumido plenamente a ideia imperial leonesa e a sua abertura à influência europeia permitiu-lhe conhecer as práticas políticas feudais que, na França desse tempo, alcançaram, estavam no auge. Na conjunção destes elementos, está a explicação da concessão iure hereditario - anómala na tradição histórica castelhano-leonesa, dos governos da Galiza e de Portugal aos seus dois genros borgonheses, Raimundo e Henrique. Dessa decisão resultaria alguns anos depois a independência de Portugal e a perspectiva de uma Galiza independente sob Afonso Raimundo, que não chegou a realizar-se devido a este ter sido coroado Afonso VII de Castela e Leão.

1 comentário: